Em 2023, as fintechs representaram quase 60% dos aportes feitos pela Bertha Capital. Neste ano, a gestora de venture capital (VC) já investiu cerca de R$ 20 milhões em cinco empresas do segmento: Saks (previdência), Zemo Bank (infra de pagamentos), Consignei (consignado), CashU (crédito B2B) e Moss (crédito de carbono). Outros cheques devem ser divulgados em breve.
“Investimos em uma fintech no setor de agroindústria, que ainda será anunciada. Não é uma empresa que financia o produtor rural, e sim a agroindústria que está por trás, a comercialização de produtos no agro”, conta Rafael Moreira, CEO e fundador da Bertha Capital, em entrevista ao Finsiders Brasil.
Outras áreas na mira da gestora são cartão consignado público e insurtechs com foco em seguro de crédito, assim como startups que atuam com inteligência no mercado de câmbio e eFX. “No caso de fintechs, nossa grande tese é fazer com que as estruturas de crédito funcionem em prol das investidas”, diz Rafael.
Na prática, significa que a Bertha não apenas compra participação (equity) nas fintechs, como também estrutura veículos de financiamento (funding). Gestora de recursos autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Bertha possui atualmente oito fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) atrelados a fintechs investidas.
“Investimos em crédito digital, e as fintechs são as originadoras. Montamos até uma mesa de crédito para suportar essas operações. E dialogamos com outras casas e gestores de crédito, que são parceiras. As fintechs podem operar como SCD [Sociedade de Crédito Direto] ou correspondentes bancários”, afirma o CEO.
CORPORAÇÕES
O modelo de atuação da Bertha Capital combina venture capital, corporate venture capital (CVC) e venture building. Atualmente, a gestora tem 14 fundos com 35 corporações como investidoras. São companhias que, combinadas, possuem uma receita bruta anual de cerca de R$ 90 bilhões, segundo Rafael. “Se pensar para frente ou para trás na cadeia, duplicamos o valor agregado. Ou seja, são R$ 180 bilhões rodando em nosso ecossistema.”
No ano passado, aportou R$ 53,4 milhões em startups — desse montante, R$ 30,6 milhões foram para fintechs. Entre elas, nomes como Bitgov e Saks. Além dessas, fazem parte do portfólio as fintechs Antecipa Fácil, CashU, Cashin, Consignei, Linkapital, ISPCred, Ume e ZemoBank.