Startup do Amapá arrecada R$ 3 milhões e já dispõe de R$ 30 milhões para empréstimos na Amazônia

O amapaense Lutiano Silva construiu sua carreira como servidor público, dedicando mais de uma década a uma área que apoiava a transformação digital do governo do Amapá, onde chegou a ocupar o cargo de diretor-presidente. Em uma decisão incomum no Brasil, Silva optou por deixar sua posição como concursado para se tornar empreendedor.

“Eu sempre me via como um servidor com espírito empreendedor”, afirma. “Embora não tivesse um CNPJ, a vontade de empreender sempre esteve presente. Eu me sentia como alguém temporariamente no setor público, mas com o desejo de migrar para o privado.”

Esse movimento ocorreu em 2023, quando Silva viu a oportunidade de criar uma empresa de tecnologia voltada para atender governos em uma área com alta demanda: o crédito consignado. Durante seu tempo no governo do Amapá, ele já havia notado as dificuldades que os bancos enfrentavam na gestão desse tipo de crédito. Nessa modalidade, o pagamento do empréstimo é descontado diretamente da folha de pagamento. Para os servidores públicos, é necessário integrar a instituição financeira com a entidade pública onde trabalham. Essa integração permite não só oferecer o crédito, mas também calcular a margem de empréstimo disponível.

Foi nesse contexto que Silva decidiu atuar ao fundar a Consignei no ano passado. Inicialmente planejada como um software de gestão de crédito, a startup agora dá um novo passo. Recentemente, recebeu um investimento de R$ 3 milhões da gestora Bertha Capital para expandir suas operações e começar a fornecer crédito efetivamente.

“Silva já possuía a plataforma tecnológica, e percebemos que ele poderia atuar como um agente de oferta de crédito”, explica Rafael Moreira, CEO e fundador da Bertha Capital. “Como um super correspondente bancário, ele tem acesso à base de dados, consegue cadastrar a estrutura da fintech nos sistemas e oferecer taxas competitivas, compreendendo as margens de crédito.”

Além do investimento, a Bertha criou um fundo de R$ 30 milhões para que a Consignei possa conceder crédito.

Foco na Amazônia Ocidental

Parte da estratégia de consolidação da Consignei é conquistar clientes na região Norte, especialmente na Amazônia Ocidental, que inclui os estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. “Essa estratégia é impulsionada pelo meu CPF, já que sou de lá, fui gestor público e ainda resido na região”, diz Silva. “Além disso, a Bertha está comprometida em fomentar a Amazônia Ocidental, o que torna esse investimento pertinente.”

“Contudo, como nossa operação é totalmente digital, podemos expandir para todo o Brasil.” E isso já está acontecendo. A Consignei já está atuando em estados como Pernambuco, Bahia e São Paulo, com a meta de operacionalizar R$ 100 milhões em crédito até 2025.

“Estamos animados em apoiar a Consignei nesse início e, principalmente, em contribuir para a expansão do crédito consignado na Amazônia e em todo o país”, afirma Moreira, da Bertha. “Este investimento não só fortalece a presença da credtech na região, mas também abre caminho para sua expansão nacional.”

O investimento da Bertha Capital na Consignei mira um mercado promissor. No ano passado, segundo dados do Banco Central, o estoque de crédito cresceu 17,4% na modalidade de crédito livre, com destaque para o consignado entre pessoas físicas.

O Ecossistema de Inovação do Amapá

O Amapá busca se tornar uma referência em startups na região amazônica. Recentemente, sediou a Startup20, a agenda de inovação das 20 maiores economias do mundo. A estratégia envolve utilizar os elementos únicos do estado para desenvolver um ambiente propício à inovação. “Acredito que, em breve, chegaremos lá. A diferença é que teremos que bater em mais portas”, afirma Frank Portela, da SouRev, uma startup criada em 2021 para oferecer crédito a sacoleiras.

Em pouco mais de dois anos, a SouRev disponibilizou R$ 25 milhões para cerca de 20.000 mulheres. Para alcançar esses números, a empresa passou por 35 bancos e percorreu a Faria Lima até conseguir os recursos necessários para bancarizar sua operação. A SouRev é parte de um movimento iniciado há 10 anos com o Tucuju Valley, criado por empreendedores para fomentar o empreendedorismo e o diálogo. Entre as pioneiras no estado estão a Proesc e a Orcafascio, que atuam na área de orçamento para obras.

Em um estado sem aceleradoras, fundos de investimento ou investidores, o ecossistema, que homenageia a comunidade mais antiga de guerreiros indígenas da foz do Rio Amazonas, se tornou o principal ponto de encontro, abrigando mais de 100 startups operacionais e gerando recursos.

CEO-Consignei

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